sexta-feira, 23 de outubro de 2009

O filme "O Leitor" inspirou a escrita do meu memorial

Não sei bem quando iniciou em mim este gosto pelas palavras, mas ainda guardo meu primeiro caderno de poesias. Cópias de poemas extensos, às vezes, sem significado para uma adolescente, porém lembro do prazer em abrir as encadernações e de caprichar na letra ainda indefinida.
Adormecer com as descrições de Érico Veríssimo em “Clarissa” e em “Música ao longe” são cenas presentes em minhas memórias. Da adolescência à profissão docente, da escola para a escola, muitos livros enfileirados pelo caminho. A primeira compra “Por quem batem os sinos” representa a conquista do primeiro salário. Antes, os livros pertenciam à biblioteca. A primeira agenda deixou de registrar cópias para acomodar sentimentos, emoções, momentos. O caderno de poesia passou a caderno de música e eram muitas as letras e os ritmos apaixonantes.
O primeiro emprego, não foi a sala de aula, mas um escritório. Os registros contábeis realizados com a letra singularmente desenhada, durante o dia, à noite o curso de letras, leituras e análises. Distante da sala de aula, próxima do sonho do ideal, da professora ideal.
A formatura, o concurso, o objetivo alcançado. A professora de Língua Portuguesa. A primeira aula, a primeira turma, as primeiras inquietações. O livro didático não completou minhas expectativas. Meu desejo era fazer diferente. Assim busquei.
Década de 90, enquanto na lingüística definiam-se teorias, eu buscava a especialização para estudar a linguagem. O objetivo era dar aulas de forma diferente do que, então, era “o costume”.
Depois, veio o anseio por ser professora universitária. Neste lugar, o professor era respeitado, fora dele éramos “professorinhas”. A conquista do mestrado, e em seguida a conquista do lugar: professora universitária, concomitante às tarefas de professora do ensino fundamental e médio. A certeza, o entendimento de aplicar ao fazer diário as teorias estudadas, a literatura saboreada.
Com aulas e aulas, muito alunos formados, elogios e criticas, simpatias e desavenças construíram 18 anos em sala de aula, despertaram ideias e atitudes, que hoje são parte da “formadora do gestar”, da coordenadora da área de Língua Portuguesa do Município de Ijuí e acima disso da professora do EF, EM, da Universidade.... mantendo o objetivo de despertar e vivenciar o fascínio por ler e escrever, o sonho e a realidade, pois contrariando Josué Guimarães, nunca “É tarde para saber”, o quanto as palavras são parte de nós.