segunda-feira, 20 de julho de 2009

O V encontro dos professores da rede municipal de Ijuí e de Coronel Barros ocorreu dia 23 de junho de 2006. A oficina contemplou as unidades 13 e 14 do TP4. O tema proposto era Leitura, escrita e cultura e Processo de leitura. Recebi o grupo com o seguinte pensamento retirado do TP4:

Aprendemos a ler o mundo e utilizamos a escrita para trocarmos ideias, conhecimentos e modos de pensar, isto é, para nos comunicarmos e transformarmos o mundo e a nós mesmos. (p.27)


Para refletirmos sobre cultura, usos sociais e funções da escrita em diferentes contextos convidei a Sra. Maria Eli Mannrich autora do livro Pão por Deus para apresentar esta cultura aos demais e elaborar uma oficina. O livro é resultado de sua dissertação, publicado pela Universidade Federal de Santa Catarina. A obra registra a forma poética Pão-Por-Deus, originária da Ilha dos Açores e praticada no litoral catarinense e parte do litoral do Rio Grande do Sul.

No inicio da colonização do RS, a produção de pães em fornos de barros era considerada uma situação inusitada dada a carência de alimentos e do trigo. Uma festa para as crianças que poderiam saborear um alimento diferente pedindo “um pedaço de pão pelo amor de Deus”.

...uma família abastada estava assando grande quantidade de pães, quando alguns meninos pobres sentiram o cheiro do pão e mendigaram: Pão-por-Deus! (MANNRICH, 2007, p.20)


O costume estendeu-se e as trovinhas também eram usadas para pedir presentes aos pais, padrinhos e outros.
É preciso começar
O resgate da tradição
Pedindo um Pão por Deus
Em forma de coração

Assim, as trovinhas circulavam em diferentes cartões cuidadosamente trançados e recortados.

A autora, após historiar a cultura distribuiu alguns cartões e produziu com os professores algumas trovinhas.


Particularmente eu conheci esta cultura no ano passado (2008), e realizei várias oficinas com alunos da sétima série. Minha surpresa foi receber ao final do ano um pão-por-Deus de um aluno:

Mil alunos contentes
vão neste pão-por-Deus
para aprovação do ano que vem
de alunos teus.

Em seguida, comparamos as trovinhas com a literatura de cordel e as trovas gauchescas, fortalecendo a importância de conhecer a cultura local como uma possibilidade de trabalhar a escrita e a leitura em sala de aula.


No final desta manhã, os professores realizaram uma pequena avaliação em grupos sobre os encontros, a proposta do programa e o material didático distribuído, a fim de registrar algumas angustias do encontro anterior.

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